Manifesto ágil da educação não formal de pessoas idosas

Com a finalidade de elaborar um manifesto ágil para a educação não formal de pessoas idosas, aos 26 dias do mês de outubro de 2022, às 8h 15 min, um grupo de stakeholders se reuniu, em um processo imersivo, na Universidade de Passo Fundo (UPF), na sala de reuniões da UPF Online, para uma sessão de co-design que foi gravada na íntegra. Estiveram presentes Ana Carolina Bertoletti De Marchi, Ana Sara Castaman, Helenice de Moura Scortegagna, Lenir Antonio Hannecker e Lis Ângela De Bortoli (pesquisadora responsável).  Na oportunidade o grupo concebeu o manifesto que se constitui de valores e princípios. Os valores representam o alicerce do manifesto, os princípios são o seu fundamento que se integram aos valores a fim de possibilitar uma compreensão mais detalhada dos mesmos. Os valores e princípios estabelecem um conjunto de diretrizes e atitudes para nortear a proposição e a condução de atividades educativas para pessoas idosas, na esfera não formal. Na ocasião os participantes:

  1. receberam da pesquisadora responsável as orientações iniciais juntamente com material impresso sobre os assuntos a serem debatidos;

  2. assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE);

  3. assistiram em conjunto aos vídeos sobre cultura ágil, cultura ágil na educação e aprendizagem ao longo da vida e educação não formal;  debateram as temáticas propostas e os manifestos ágeis para educação:  Manifesto das Escolas Ágeis, Manifesto Ágil no Ensino Superior, Manifesto da Pedagogia Ágil e Manifesto Ágil para o Ensino e a Aprendizagem;

  4. mapearam o perfil do(a) professor(a) e da pessoa idosa, a partir de um brainstorming;

  5. construíram os valores do manifesto considerando o modelo “mais que”, que foram sendo refinados ao longo da sessão;

  6. a partir dos valores, foram definidos e delimitados os princípios do manifesto;

  7. os itens 4, 5, 6 foram registrados no quadro e no painel disponibilizados para este fim.

     

Quanto ao perfil das pessoas idosas mapeado pelo grupo, estabeleceu-se que:

  • são experientes, a partir das histórias de vida e vivências;

  • possuem valores consistentes;

  • são comunicativos e participativos;

  • são conservadores (resistentes ao novo);

  • gostam de socializar;

  • são heterogêneos;

  • têm foco na vida cotidiana e no tempo presente;

  • podem ter limitações físicas e cognitivas;

  • podem apresentar dificuldades com certas tecnologias emergentes.

 

Quanto ao perfil do professor mapeado pelo grupo, estabeleceu-se que deve ser ou ter:

  • flexível (quanto ao tempo, à metodologia, aos resultados);

  • paciente;

  • comunicativo;

  • ouvinte e democrático;

  • deve ter conhecimento do grupo com o qual trabalhará (perfil biopsicossocial), bem como do tema a ser abordado;

  • mediador (respeitar o ritmo do grupo, aproximar os conteúdos científicos);

  • dinâmico;

  • empata.

 

Quanto aos valores, o grupo definiu:

  1. colaboração e democracia mais que planejamento prévio;

  2. independência e autonomia mais que auxílio e cuidado;  

  3. especificidades da vida cotidiana da pessoa idosa mais que conteúdos programados;

  4. heterogeneidade e multidimensionalidade mais que processos pré-definidos.

 

A partir dos valores, foram determinados os seguintes princípios:

  1. adaptabilidade: possibilita o atendimento de possíveis demandas físicas e cognitivas, bem como a consideração do contexto no qual a pessoa idosa está inserida; 

  2. estilos de aprendizagem: considerar os estilos de aprendizagem adequados ao perfil da pessoa idosa; 

  3. satisfação: a pessoa idosa deve permanecer satisfeita quanto ao processo e ao produto.  A satisfação pode ser distinta para cada componente;

  4. respeito ao ritmo do grupo: considerando a heterogeneidade, a expectativa e a intencionalidade de cada integrante;

  5. protagonismo: a pessoa idosa deve ter autoria no processo;

  6. cidadania: a pessoa idosa deve compreender seu papel e ter vez e voz no mundo contemporâneo;

  7. agente de mudanças: permitir à pessoa idosa ter capacidade de construir e aplicar o conhecimento produzido; 

  8. linguagem e práticas acessíveis: são necessárias para tornar o processo menos burocrático e de fácil compreensão, considerando a heterogeneidade;

  9. planejamento colaborativo e flexível: considerando o conhecimento prévio e as vivências da pessoa idosa, construído no grupo e para o grupo;

  10. trabalho em grupo e interativo: propiciar o compartilhamento de vivências e experiências, a reflexão, a discussão, com base na realidade de cada participante;

  11. participação em todas as etapas do processo: as pessoas idosas devem participar desde a concepção até a execução para se sentirem pertencentes ao processo e para que os resultados sejam efetivos; 

  12. espaço pedagógico democrático e igualitário de discussão e reflexão: estabelecer um ambiente aberto, dialógico e participativo para reflexão e ação, de modo a valorizar as potencialidades dos participantes, bem como possibilitar a construção horizontal do conhecimento;

  13. professor(a) mediador(a): deve apresentar os conteúdos científicos, de modo a facilitar a aproximação da realidade dos participantes, bem como sua relação;

  14. feedback contínuo: permite avaliar o processo, refletir sobre ele e fazer os ajustes necessários;

  15. empatia interpessoal: possibilita o reconhecimento e a valorização das especificidades dos integrantes e deve ser considerada entre professor(a) e estudantes, bem como entre os estudantes;

  16. comunicação ativa e efetiva: deve ser estabelecida de forma direta, clara, objetiva e resolutiva de conflitos;

  17. consideração aos aspectos biopsicossociais e a subjetividade: permite conhecer o perfil do grupo, a fim de atendê-lo;

  18. valorização das experiências e trajetórias de vida: para considerar os conhecimentos prévios, valores e princípios do grupo.

     

A sessão encerrou às 16h. 

Resumo:

Manifesto /

Critério

Manifesto ágil da educação não formal de pessoas idosas

Origem

Brasil

Ano

2022

Aplicação

Base para proposição e condução de atividades educativas ágeis para pessoas idosas, na esfera não formal

Motivação

– Propostas educativas para pessoas idosas requerem abordagens e métodos diferenciados, uma vez que esse público tem características próprias

– Carência de metodologias para educação não formal que atendam as especificidades de pessoas idosas 

– Inclusão dos aprendizes em todas as fases da formação, desde a concepção até a execução

– A falta de evidências do uso da cultura ágil na educação de pessoas idosas pode representar um caminho a ser seguido

Organização

Quatro valores e dezoito princípios

Agilidade

A cultura ágil da educação não formal de pessoas idosas é fundamentalmente sobre colaboração, democracia, independência e autonomia, considerando as especificidades da vida cotidiana, bem como a multidimensionalidade e a heterogeneidade dos envolvidos

Objetivos

  • Disponibilizar valores e princípios, baseados na cultura ágil, para nortear a proposição e a condução de atividades educativas para pessoas idosas, na esfera não formal

  • Guiar professores na proposição e condução de atividades educativas, baseadas na cultura ágil, para pessoas idosas, na esfera não formal

 

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